Em meados de novembro de 2011, o Papa Bento XVI visitou Ouidah, Benin para enfrentar o público e revelar a sua exortação mais recente titulado Africae Munus ("Compromisso de África" ). Trechos de Africae Munus e alguns comentários do Papa que acompanharam, foram profundamente perturbadores e reminiscente da racionalização inicial da Igreja Católica para cristianizar África e conquistar as Américas e partes do sul da Ásia e do Pacífico. Entre outros comentários, o Papa Bento manifestou oposição ao "sincretismo" do catolicismo com crenças religiosas indígenas, usando termos descritivos como "ocultismo" e "mal", em referência às religiões africanas, e apelou pela "evangelização profunda" dos africanos.

Dado a visibilidade do Papa dentro das redes globais de mídia, seus comentários perpetuam, em grande escala, velhos estereótipos dos africanos - e muitos outros povos não-cristãos e não-brancos, por extensão - como primitivos, sub-humanos e precisando de "civilização ". Apesar de ser bem intencionados seus comentários, essas imagens ajudam, de forma irresponsável, justificar e provocar a miríade de formas de violência cultural, econômica e social que muitos povos indígenas e não-ocidentais continuam a sofrer hoje no mundo inteiro.

O Orisa Community Development Corporation - uma organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos dedicada ao fortalecimento econômico e social dos praticantes das diversas tradições espirituais de Orixá - escreveu uma carta aberta ao Papa pedindo a alteração do Africae Munus e a retirada dos seus comentários ofensivos. O texto integral da carta está aqui: Carta Aberta ao Papa Bento XVI

Estamos pedindo a todos aqueles que apóiam a verdadeira liberdade religiosa e cultural,  para se juntarem a nós em desafiar estas idéias problemáticas e assinar esta petição em apoio da nossa carta aberta e a seguinte afirmação:

Nós - os praticantes, estudiosos e simpatizantes - dos povos indígenas, suas religiões e culturas estamos em desacordo com a difamação e desrespeito dos povos indígenas e suas culturas. Acreditamos no valor de todas as religiões e culturas e não acreditamos que qualquer grupo religioso -  embora que esteja bem intencionado - deve procurar a forçar sua opinião sobre outro. Apoiamos a Orisa CDC em enfrentar o Papa Bento XVI sobre seus comentários negativos sobre religiões africanas - e todas as religiões indígenas por extensão - e acreditamos que a verdadeira paz inter-religiosa e compreensão só podem florescer em um ambiente de respeito mútuo.

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